25 de março de 2010 - Interrogatório de Anna Carolina Jatobá
16h27: Começa o interrogatório de Jatobá. A ré está chorando. Nega a autoria.
Alexandre Nardoni acompanha o depoimento de Anna Carolina Jatobá
DEPOIMENTO DE JATOBÁ
Cembranelli – Sobre arrumar o edredon, esse termo, qual o significado dele para você?
Jatobá – arrumar é esticar, preparar a cama.
Cembranelli Quanto tempo ficaram na garagem aguardando cessar o barulho do carro?
Jatobá.- Esqueci
Cembranelli – Esqueceu???? A senhora declarou em 18/04/2008 foram mais ou menos 10 m.
Jatobá – Eu não sei estipular ao certo.
Cembranelli – a senhora disse também que estava aguardando o elevador chegar. Por quantos minutos aguardou o elevador chegar?
Jatobá – Infelizmente não sei estipular, nem longo nem curto.
Cembranelli – Então seria médio?
Jatobá – Não sei.
Cembranelli – A senhora citou que o porteiro chegou correndo, molhado de suor, somente em juizo, por que não mencionou antes?
Jatobá - Pelo fato de ficar nervosa e esquecer de falar, como vc pode notar.
Cembranelli – A senhora falava muitas ou poucas palavras anteriormente quando se desentendia com as pessoas ou com seu marido?
Jatobá – Eu gritava, mas nem falava muitos palavrões, nem eram com todas as pessoas , somente com algumas.
Cembranelli – Mas os vizinhos disseram em depoimento que a senhora gritava muito no apartamento.
Jatobá – Acontece que a mesa de jantar , era próxima a porta , não gritava como louca.
Cembranelli – As reclamações no outro Edifício eram constantes, o que você me diz sobre isso?
Jatobá _ Que eu me lembre nunca reclamaram.
Cembranelli – Em uma declaração anterior, vc diz “ Oliveira não estava nem aí para Isabella” o que você me diz sobre isso?
Jatobá – O que ela ouviu falar pela família de Alexandre, eles é que comentavam.
Cembranelli – Você considerou justo o valor de pensão alimentícia dado para Isabella?
Jatobá – Nunca interferi, nem em pensão alimentícia e nem em conta bancária dele.na época eu falava com Carol por telefone, ela me pediu para ir almoçar com ela, voltei com Alexandre e não entendi o que ela queria falar comigo, estava em casa chegou o oficial de justiça. A família inteira ficou chateada com o pedido de pensão alimentícia.
Cembranelli – A família inteira, quem?
Jatobá – Minha sogra, meu sogro e Alexandre.
Cembranelli – A folha 2495, vc faz a seguinte declaração:“Não queria prejudicar e interferir em nada”,,” colocou na Justiça para aumento de pensão”., “nesta fase falei, que não estava mais com Alexandre para colher informações dela “. Isso não é prejudicar Isabella?
Jatobá – Não respondeu
Cembranelli – Você disse que conversava por MSN e salvava para colher informações de Ana Carolina Oliveira. É verdade isso?
Jatobá - Fiquei brigada 3 dias com Alexandre., meu MSN salvava automaticamente as conversas.
Cembranelli – sem Ana saber?
Jatobá – sem Ana saber
Cembranelli – E o que vc quis dizer “Ana não estava nem aí para Isa”
Jatobá – Meu sogro pegou umas fotos de Ana e não sei o que fez com elas.
Cembranelli – de onde surgiu a animosidade com Carol?
Jatobá – depois que discutimos em frente a casa dela. Em festas na escola, eu falava oi para ela e ela não respondia.
Cembranelli –. Houve períodos de brigas, desentendimentos no Villa Real com Oliveira?
Jatobá – Não me recordo
Cembranelli -Essas brigas constantes ocorreram até o nascimento de Pietro?
Jatobá- A briga era por que eu queria saber se ele gostava de mim.
Cembranelli – Vc disse que brigava por tudo, que depois do nascimento de Pietro amadureceu. Me explique
Jatobá – brigas que eu digo, eram discussões lá no Vila Real. Frequentes, não quer dizer todo dia
Cembranelli – Quantos anos moraram lá?
Jatobá desde 12/06/2004
Cembranelli – Não estou entendendo então, por que vocês citaram que moraram nesse apartamento por 2 anos e meio, três anos. Se fizermos as contas...
Jatobá – Fiquei morando com minha mãe e só ia final de semana para o Vila Real, pois estava com anemia e também por causa da faculdade.
Juiz pergunta: em definitivo?
Jatobá – Depois de 2 meses do nascimento de Pietro, porém quando ele estava com 8 meses voltei para casa da minha mãe.
Cembranelli – E os desentendimentos com Oliveira?
Jatobá – Só briguei com ela em frente a casa dela , depois ela não me cumprimentava
Cembranelli – Em depoimento vc citou que teria muitos desentendimentos com Oliveira?
Jatobá – por causa dos horários de escola, roupas de Isa.
Cembranelli – Seu depoimento foi colhido na delegacia pela doutora Renata Pontes?
Jatobá – Não, por 2 investigadores e um escrivão.
Cembranelli – Mas por que foi assinado por Dra Renata?
Jatobá – Não lembro, se eu me lembro bem , ela não estava na sala.
Cembranelli – Vc mesmo acompanhada de seu advogado assinou sem a delegada presente?
Jatobá – Não me lembro de nada
Cembranelli – A fls 1449 a senhora disse que” brigava muito na rua Paulo Cesar, e que o apartamento novo tinha algo diferente, paramos de brigar .”No apartamento novo, não discutimos nada, depois do nascimento de Pietro eu amadureci. ”Vc morou até 1 mês antes de ir para o novo apartamento......
Jatobá – Eu gritava muito e falava muito alto, não brigava
Cembranelli – Em 20 de janeiro, vc esmurrou a janela.(referindo-se ao vidro da lavanderia que ela quebrou) É uma briga normal de casal isso???
Jatobá – Não, esmurrei acidentamente, estava falando com Alexandre e ele não me dava atenção, estava fazendo a lista de supermercado, mas Isa não estava em casa, fui para lavanderia apenas apoiei. Estava com raiva. Fiquei assustada, tenho pavor de sangue, chamei Alexandre , estava com braço rasgado.
Cembranelli vc é uma pessoa nervosa?
Jatobá – Não tenho gênio forte
Cembranelli. Em depoimento, seu pai disse que vc precisava tomar um calmante. Estava nervosa, pois tinha casa , filhos e só chorava.
Jatobá – estava desesperada , pois tinha muita coisa para fazer.
Em seguida, passa a arguir, Dra. Cristina, Assistente de Acusação
Cristina: Na Delegacia vc disse que meses depois passou a morar na casa do pai de Alexandre, em juízo vc disse que depois de 4 meses de namoro passaram a morar juntos?
Jatobá: Morei com ele, um ano na casa do pai dele, qdo brigava ia pra casa dos meus pais.
C: Qdo brigava com seus pais ia pra casa do Alexandre?
J: Sim.
C:Vc lavrou um BO contra seu pai em janeiro de 2004?
J: Sim.
C: Pode esclarecer o B.O
J: Eu estava no computador e meu pai estava estudando e o barulho do teclado irritava ele. Ele me pediu pra parar pq tava estudando. Continuei a digitar e ele achou que eu estava digitando mais forte pra irritar ele. Então ele ficou muito bravo e Cauã acordou e começou a chorar. Meu pai mandou cuidar do meu filho que tava chorando.
C: Seu pai xingou?
J: Foi, falava que eu tinha que estudar, era muito nova pra ser mãe.
C: Vc declarou em juízo que se dava melhor com sua mãe do que com seu pai. É verdade?
J: Sim. Me dava melhor com minha mãe, mas hj me arrependo pq meus pais são tudo na minha vida.
C: Ter o mesmo nome da mãe da Isabella, a incomodava?
J: Não. Ela que falava que errar uma vez passava…
C: Incomodava ou não?
J: Não incomodava.
C: De alguma maneira a mãe de Isabella e este eterno vínculo te incomodavam?
J: Não.
C: A Carol podia ligar pro Alexandre?
J: Sim, a hora que ela quisesse.
C: Mas pq só a sra atendia?
J: Pq o telefone ficava comigo.
C: Vc se sentia insegura com o seu casamento?
J: No começo sentia muito ciúmes pq ele tinha fama de mulherengo.
C: Vc não trabalhou mais depois do casamento e se sentia bem como dona de casa?
J: Só trabalhei antes do casamento.
C: Quem pagava sua faculdade?
J: Meu pai
C: As despesas pessoais de vcs, quem fazia?
J: Os meus pais, minha avó e meu marido.
C: Pietro mordia Isa? O que a sra fazia?
J: Sim, as vezes. Colocava de castigo no quarto, pra pensar.
C: Após a queda, vc ligou para os pais de vcs a pedido de Alexandre?
J: Sim. Fui eu que ligou
C: E pra mãe de Isabella?
J: Fui eu que liguei tb.
C: Mas pq vcs não ligaram pro resgate?
J: No desespero só pensei em ligar pro meu pai,
C: Mas não pensou em nenhum momento em ligar pro resgate ?
J: Não, só pensei em ligar pros meus pais.
C: E depois?
J: Eu desci.
C: E vc não pensou em ligar pros seus pais?
J: Pensei, mas aí já tinham chamado.
C: Vc gritava muito, falava muitos palavrões. Como Alexandre se sentia?
J: Ele não gostava. Tinha vergonha.
C: Em juízo vc declarou que os desentendimentos com Oliveira se encerraram depois que Pietro entrou na mesma escola que a Isa. Confirma?
J: Sim.
C: Pq vcs não devolveram a mochila que a Isa havia levado pra casa de vcs naquele dia?
J: Nem sabia que ela tinha esta mochila.
C:No dia do velório, do enterro, vcs ficaram presentes o tempo todo? Tentaram falar com a Ana Oliveira?
J: Ficamos o tempo todo, mas não falamos com ela.
C: Em nenhum momento?
J: Não.
Arguição do Dr.Podval, a dvogado de defesa do casal
Podval:Vc teria coragem de matar Isabella pra se livrar de um obstaculo?
J: não, nunca., jamais.
Podval: Vc alguem dia machucou, bateu nela?
J: Não, sempre cuidei dela com muito amor e carinho?
Podval: Naquele dia no almoço vc usou a tesoura pra cortar carne?
J: Sempre uso pra cortar carne picadinha.
Podval: Pq vc estava descalça?
J: Pq cheguei da rua e tirei o sapato.
Podval: Vc foi descalça pra casa dos seus pais apos queda?
J: Sim, qdo cheguei la que coloquei um tenis muito velho. Qdo Dra Renata afirmou que havia sangue no fiquei indignada.
Podval: Vc sabe qto tempo o elevador leva pra subir e descer?
J: Nunca fiquei marcando no relogio.
Podval: Vcs entregaram roupa pra policia no dia do crime?
J: Tomamos banho e as roupas ficaram lá, não foram lavadas.
Podval: É verdade que na hora que Ana Oliveira e vc discutiram, vc disse pra ela que a culpa de tudo era de Isabella?
J: Não, eu falei p ela que tava fazendo aquilo pq tava preocupada com a vida da filha dela.
Jatobá chora ao descrever o quarto da Isa, ao falar dos filhos e de como foram escolhidas o apto e as coisas dele.
Podval: Vc lembra de como foi o almoço?
J: não , so lembro que fiz o macarrao que ficou muito salgado e joguei no lixo.
Podval: Sobre a falta de higiene do seu apto, sobre um absorvente que foi achado no meio dos brinquedos das crianças, como a sra descaratava seus absorventes?
J: Fiquei passada com isso. Sempre enrolava no papel higienico.
Podval: Vc teria motivos pra maltratar Isabella?
J: Nunca tive. Isabella era um doce de criança.
Podval: Já foi busca-la no colegio?
J: Algumas vezes com minha sogra e outras sozinha.
Podval: Já que ela foi esganada, pediram pra fazer exames nas suas maos?
J: Em momento algum. Ate perguntei pra delegada se ia fazer e ela disse que não.
Podval: Sobre a chave, foi feita pericia?
J: Não,ficou na gaveta da delegada.
Podval: Depois do nascimento dos seus filhos, vc amadureceu?
J: Fui amadurecendo aos poucos.
Podval: E ficou feliz com o nascimento de seus filhos?
J: Sim, muito feliz.
Podval: Vc andava muito estressada pq seu filho mais novo chorava muito? É verdade?
J: Sim, eu andava muito estressada pq de 4 a 6 meses ele chorava dia e noite.
Podval: E vc assim cansada como estava, mesmo assim já agrediu seus filhos?
J: Nunca
Podval: Vc tem dividas na faculdade?
J: Sim, meu pai ate hj não pagou,
Podval: Como era seu padrao de vida?
J: Tinhamos um padrao alto e de repente meu pai perdeu tudo.
Podval: Vc disputava o Alexandre com Isa?
J: Não. Só tive ciumes dela no começo.
Podval: Qdo vc desceu apos a queda., o que vc viu?
J: Tava todo mundo muito nervoso, pessoas entrando e saindo, uma bagunça;
Podval: O que Alexandre estava fazendo?
J: Fazia mtas perguntas ao porteiro pq pensou que podia ter entrado ladrão.
Podval: Seus filhos tiveram que sair da escola depois disto?
J: sim e agora voltaram e tiveram que trocar os nomes para Trota.
Durante o depoimento, a madrasta de Isabella admitiu que aumentou informações em depoimento à polícia.
Arguição do Juiz
Juiz: Não foi feito mesmo, em momento algum, o exame de sangue?
J: Não, fiquei indignada por saber que se confirmou esta informação, sendo que não fizemos coleta
Juiz: Descreva o tamanho do buraco da tela. Era do tamanho de uma cabeça?
J: sim, até achei engraçado pq era do tamanho de uma cabeça.
Juiz: Vc viu as pessoas do veículo que estava na garagem com o som alto e que vcs esperaram parar o som pra subir pro apto?
J: Não, não vi como eram.
Juiz: Sobre a tesoura, vc usou naquele dia?
J: sim, só a tesoura. A faca não.
20h47 - Encerrado o interrogatório da ré.
21h - O dr. juiz chamou o psiquiatra ao Juízo. Houve consulta médica em Ana Carolina (mãe biológica). Ele apresentou um laudo atestando estado emocional abalado. Recomendou a não acareação. Dr. defensor abriu mão da acareação. Ana Carolina (mãe biológica) foi liberada, no decorrer do dia, mas o juiz só comunicou agora.
Está encerrada a instrução. Amanhã, debates e julgamento. O que manda agora é a oratória. O promotor vai lutar pela força dos indícios. Não pode deixar dúvida. A defesa lutará pela negativa de autoria.
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