6 de out. de 2013

Entre o ideal e o real

Você já reparou que na hora da raiva, geralmente, as pessoas costumam ser muito sinceras e dizem o que, muitas vezes, não diriam normalmente? São aqueles longos segundos em que uma vírgula pode machucar, como também pode trazer a luz para quem ouve. É aquela chamada crise de sincerocídio!

É fato que vivemos num mundo, onde a hipocrisia é muito maior que a honestidade. Desde cedo, a gente vai se adequando ao ideal da sociedade. Mas peraí! Ideal da sociedade pode não ser o nosso ideal! Porém, a gente acaba encontrando um jeito de nos adequarmos ao melhor padrão, para que possamos nos sentir confortáveis, não é isso?

Nós nos acostumamos a ver os defeitos dos outros, a ter um olhar crítico para o mundo a nossa volta, mas pouco olhamos pra dentro da gente, para os nossos defeitos, pouco nos compreendemos. Chega a ser ser engraçado - conseguimos compreender o mundo, mas muitas vezes, não compreendemos a nós mesmos.Na verdade, ninguém entende ninguém!

O ser humano inventou os ideais! Fulano deveria ser assim, beltrano deveria ser assado... deveria, deveria, deveria... Ora, ninguém deveria ser nada... nada que os outros idealizam pra gente, obviamente! Nós somos o que somos. E ponto! Há pessoas que já nascem com o dom da comunicação, são extrovertidas, populares, falam e conhecem todo mundo, mas esse é o jeito delas. É a essência, não o ideal! É claro que a gente estuda, se aperfeiçoa, busca melhorar, mas mudar a nossa essência, não tem jeito! A essência é aquilo que nasce com a gente!

Todo mundo pode gostar de determinada pessoa, admirá-la, querer imitá-la, mas se você não tem a menor afinidade com essa figura, vai forçar a natureza? Não, porque você não vive dentro dos outros, você vive dentro de você, e é você que tem que se aturar todos os dias!

Então, vários problemas que passam pela vida da gente, e muitas vezes ficam estacionados, se dão em função de optarmos por viver dentro do ideal e não do real. O ideal de uma sociedade pode ser qualquer um. O que é real pra gente é o que importa. Querer agradar a todo mundo, buscar ser o (a)  perfeitinho (a) da sociedade leva muita gente à loucura, à baixa autoestima, a várias enfermidades!

Os nossos problemas são gerados pela nossa postura! Por exemplo, você se aceita como é? Se você não se aceita, como pode exigir que os outros te aceitem? Você é respeitável? É claro que você afirmará que sim! Mas se os outros não estão te respeitando, tem algo errado nessa história,  é você que está passando a mensagem de que não é respeitável! Faz uma auto-análise e veja quem está com a cabeça mais doida - o mundo ou você?

Não tem aquela história, tome conta da sua vida e deixa a minha paz? Pois é. Pessoas que vivem a vida dos outros, pode reparar, estão todas desconsertadas na vida, porque elas estão pondo e vendo defeitos nos outros, enquanto os problemas delas estão ali fazendo a festa nas suas cabecinhas. Por mais que elas digam que não, acredite, estão! Aliás, isso aí beira à arrogância, porque quem não dá conta da sua vida, dos seus próprios problemas, como pode querer ter a pretensão de resolver e definir como deve ser a vida dos outros! A realidade, pelo contrário, nos leva à modéstia! E não vamos confundir aqui modéstia com o ser bonzinho, ser capachinho, ser paninho de chão! NÃO! A modéstia está em você se encarar do jeito que você é, sem ter que provar nada pra ninguém! É a sua realidade de vida!

Ninguém é juiz de ninguém! A não ser que você aceite se sentar no banco dos réus. Você aceita? Bom, se você aceita, problema seu, pois é você quem vai viver com essa cabecinha doida, enlouquecida, cheia de nós. E não ponha a culpa nos outros, hein! Ninguém domina a sua cabeça, se você não quiser! Ninguém há de dizer quem você deve ser, quem você deve se tornar, de que forma ideal para o mundo, se você não permitir!

Quando você se coloca numa posição, você gera uma série de circunstâncias ao seu redor! A forma como os outros vão encarar, é problema delas. Se você estiver bem com você, o mundo pode desabar do seu lado, que você não vai estar nem aí!

Nós somos o que somos! E se nós formos tentar ser o que os outros querem, vamos negar a nossa realidade! Eu, por exemplo, tem dias que eu estou a fim de falar com todo mundo, bater papo... mas tem dias que eu não estou pra ninguém! E aí? O ideal é que eu fosse a perfeitinha, a agradavelzinha sempre? E quem é que ia bancar as minhas frustrações por conta disso, do ideal? Quem? Apenas eu e mais ninguém! Eu tenho que me aceitar assim, porque aí as pessoas também passarão a me aceitar do jeito que eu sou!

A frase é velha, mas muito válida para ilustrar esse texto: Você é uma pessoa única nesse planeta! E é isso que te torna uma pessoa interessante! Ninguém se interessa por cópia, se pode chegar ao original! Ninguém vai te admirar, reconhecer o seu trabalho, enfim, se você não se colocar como peça única, exclusiva, sem cópias! Quando você se coloca como alguém real - com todas as suas virtudes e os seus defeitos - e não ideal - como as pessoas gostariam que você fosse, como você agisse - você  passa a se tornar uma pessoa interessante pela sua originalidade!

O mundo te trata, como você se trata! Não dá pra fugir disso e criar um ideal, porque o ideal não é real! Nós somos os nossos próprios obstáculos, nós é que temos que nos vencer! E quanto aos outros? Que se lasquem! A gente não vive dentro da cabeça dos outros, dentro da vida dos outros, não sabemos, e nem queremos saber, se eles vivem bem, como dizem, de fato! A gente tem um compromisso, em primeiro lugar, com a gente! Com a nossa realidade, com os nossos compromissos, com as nossas neuras, que a gente foi enfiando a vida toda na cabeça, por causa dos outros.

Eu sou o que sou, você é  que é, e os outros são o que eles quiserem ser, ok? A partir de hoje, larga a vida dos outros em paz, vai olhar a sua, os seus próprios problemas, olhe pra dentro de si e se resolva! Quando você começar a desatar os seus nós, os outros vão passar a te olhar de modo diferente e vão parar de idealizar em cima da sua vida e, consequentemente, vão te deixar em paz e você passará a ter paz consigo também, que é o mais importante!

Antes de você apontar o dedo para os outros, lembre-se que há 3 dedos voltados pra você!

Um abração!

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