18 de dez. de 2014

Olive Oatman, a primeira americana branca tatuada

Olive Oatman nasceu em 1837 e é considerada a primeira mulher branca na história dos Estados Unidos a ter uma tatuagem: 5 listras azuis verticais e 4 pequenos traços horizontais em seu queixo. Ela também teve os braços tatuados, mas os mantinha cobertos, usando sempre vestidos de mangas compridas.


Em 1850, a família Oatman se juntou a uma viagem de carroças liderada por James C. Brewster, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que, após se desentender com o líder da igreja de Salt Lake City, no estado de Utah, decidiu viajar à Califórnia juntamente com seus seguidores, sob a justificativa de que lá era o “lugar onde estavam destinados a se reunir” os Mórmons. Saindo de Missouri a caminho de Santa Fé, desentendimentos fizeram com que o grupo de 52 pessoas se separasse. Um grupo foi para o noirte e Royce Oatman, pai de Olive, guiou as demais famílias por uma rota ao sul. Chegando ao estado do Novo México em 1851, encontraram um ambiente nada conveniente e, ao longo do trajeto, as famílias foram aos poucos abandonando a viagem,  que objetivava chegar ao estado do Colorado.

Em Maricopa Wells, as famílias que pretendiam continuar a viagem foram alertadas de que, adiante, encontrariam índios muito cruéis e perversos e estariam arriscando suas vidas se decidissem prosseguir. As famílias decidiram ficar em Maricopa, à exceção dos Oatman, que seguiram sozinhos e foram atacados nas planícies do rio Gila, alguns quilômetros ao leste de Yuma, onde atualmente está o Arizona. 

O episódio ficou conhecido na história dos Estados Unidos como “o massacre Oatman” (“Oatman Massacre”): foram assassinados o casal Oatman (Royce e Mary) e quatro dos sete filhos; Lorenzo, na época com 15 anos, foi deixado para morrer, mas acabou sobrevivendo e, ao acordar, encontrou os corpos de seus familiares, mas nenhum sinal das irmãs Olive, na época com 13 anos e Mary Ann, com 7.

Lorenzo conseguiu encontrar um acampamento, no qual foi tratado, e, dias depois se juntou novamente aos emigrantes. Ao passar pelos corpos de sua família, teve ajuda dos companheiros de viagem para enterrá-los.

As duas garotas foram levadas, juntamente com diversos objetos saqueados da carroça de sua família, por índios Yavapais, que viviam num local a pouco mais de 160 quilômetros de onde haviam atacado os Oatman. E passado um ano de cativeiro, índios Mohave (ou Mojave, que viviam no deserto de mesmo nome) ofereceram dois cavalos, alguns vegetais e cobertores em troca das duas garotas, que acabaram indo para a nova residência, próxima ao rio Colorado.

Foi junto aos Mohave que as irmãs receberam suas tatuagens no queixo e nos braços, de acordo com os costumes indígenas

Infelizmente, Ann Mary Oatman morreu de fome no ano seguinte, aos dez anos de idade, quando a região foi atingida por um grande período de seca, levando à falta de alimentos.

Quando Olive Oatman tinha 19 anos, um índio Yuma mensageiro chegou à vila dos Mohave com uma mensagem das autoridades do Forte Yuma. Havia rumores de que uma garota branca era mantida cativa pelos Mohave e o comandante do forte pedia que a libertassem, mandando, em troca, cavalos e cobertores. Contudo, a negociação foi inicialmente rejeitada pelos índios.

No final das contas, os índios acabaram cedendo e Olive foi escoltada numa viagem de vinte dias até o forte. Lá, ela foi recebida por muitas pessoas e logo descobriu que seu irmão, Lorenzo, sobreviveu ao ataque e ainda procurava por ela e pela irmã mais nova. O reencontro dos dois foi notícia em todos os jornais do país!

Em 1857, um pastor chamado Royal B. Stratton escreveu um livro sobre o caso Oatman que vendeu em torno de 30 mil cópias – os direitos pagos a Lorenzo e Olive foram o suficiente para pagar a faculdade dos irmãos! Olive entrou no circuito literário, dando palestras e entrevistas para ajudar a promover o livro.

Ao contrário do que conta o livro, nem Olive nem Mary Ann foram maltratadas pelos Mohave, nem suas tatuagens eram uma punição conferida pela tribo a seus escravos. Numa das palestras de Olive, ela disse que seu rosto foi tatuado para que fosse reconhecida pela tribo e, no caso de ser levada ou mesmo de fugir, poderia ser identificada e levada de volta aos Mohave, e todas as mulheres da tribo tinham o mesmo desenho tatuado. 

A ela, os índios disseram que era livre e que poderia sair quando desejasse, mas que não seria acompanhada a nenhuma “vila branca” por ninguém, pois temiam uma retaliação quando chegassem, junto com ela, a um local governado pelos brancos.

Dizem que ela teve várias oportunidades de pedir “ajuda” a brancos que faziam negócios com os Mohave, mas nunca o fez. Quando chegou ao Forte Yuma, ela chorou por muito tempo e foi descrita como uma mulher triste e insatisfeita, que sempre desejou retornar à tribo.

Ela se casou, em novembro de 1865, com John B. Fairchild, que se tornou um próspero fazendeiro. O casal foi viver em Sherman, no Texas, e adotou uma garota a quem deram o nome de Mamie. 

Olive morreu de um ataque cardíaco, em 1903, aos 65 anos.

Uma cidade no Arizona foi nomeada como Oatman em sua homenagem. Atualmente, é uma cidade fantasma, que já foi conhecida por suas casas de jogos, e ainda recebe visitas de turistas.

Com informações da Wikipedia

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