João estava arrasado, quase no fundo do poço. O seu casamento ia de mal a pior, no seu trabalho as coisas não andavam nada bem, mas João tinha uma capacidade incrível de não deixar transparecer o caos que estava a sua vida.
Quis o destino que João encontrasse um velho conhecido, o Eduardo. Um não tinha tanta proximidade com o outro, mas Eduardo, sensível, percebeu que João não estava bem e se propôs a ajudá-lo, embora, inicialmente, João negasse estar com qualquer problema, afinal, manter a aparência estava acima de tudo. Mas por fim, João cedeu e ouviu os conselhos de Eduardo, que em muito o ajudou a desatar os nós da sua vida.
João era um homem de prestígio, bem sucedido, e após contar com o auxílio de Eduardo, conseguiu retomar o seu caminho.
Eduardo, apesar de ser uma pessoa em paz consiga mesma, não era uma pessoa bem sucedida. Não cobrou o auxílio que dera a João e também seguiu a sua vida.
Tempos depois João e Eduardo se reencontraram. Eduardo ficou feliz ao perceber que João havia absorvido, de fato, aqueles antigos conselhos, e estava aplicando-os no dia-a-dia. João, ao contrário, não se lembrava de conselho algum, acreditava que havia se reerguido, porque era capaz, inteligente, bem sucedido. Ou seja, João jamais reconheceu o que Eduardo fez por ele, e como Eduardo nunca cobrou nada, ficou o dito pelo não dito.
Um dia Eduardo precisou de uma simples ajuda do João, mas João não o ajudou. Não brigaram, apenas cada um continuou seguindo a sua vida, cada um com o seu cada um.
Quem errou? João, que não pediu ajuda alguma, mas mesmo assim obteve, e portanto, não se sentiu na obrigação de retribuir, ou foi o Eduardo, que mesmo João não ter pedido ajuda a ele, ainda assim se propôs a ajudá-lo?
Um ponto de vista pode ser apenas a vista de um ponto. Cada um olha de um jeito!
Fica este conto para reflexão!
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