15 de fev. de 2015

Manhã, tão bonita manhã

"Manhã, tão bonita manhã...
Na vida, uma nova canção..."

Domingo de carnaval. Num dia como esse, eu já acordava eufórica, ansiosa por vestir a fantasia que a tia Nelly fazia para a criançada brincar na matinê do Clube de Xadrez. A cada ano uma nova fantasia sempre confeccionada com muito capricho.
Tia Néa, com toda certeza, da família, era a que mais gostava do carnaval, ou talvez a que mais se entregava aos festejos de Momo. Ela era pura animação. E numa manhã de domingo de carnaval, ela já madrugava lá em casa cantando marchinhas e também se preparando para a matinê do Xadrez. Imagina se ela iria ficar de fora!

Papai sempre teve carro grande, logo, não tardaria para a criançada toda se concentrar lá em casa. E após todas estarmos arrumadinhas, entrávamos no carro, que geralmente era uma kombi ou uma veraneio, e lá íamos para o Clube de Xadrez passando pelo centro da cidade, onde as 'piranhas' (homens fantasiados) pulavam na frente, quando não, em cima do carro. E todos riam e se divertiam com a galera do 'Bloco das Piranhas', que se concentrava na Praça Getulio Vargas nos 4 dias de folia. 

No baile a gente se acabava. Tia Nelly procurava conter a gente até a hora do concurso de fantasia, que geralmente a gente ficava em 1º lugar. Teve um ano em que ficamos em 2º. Meu Deus! Enquanto as minhas tias  reclamavam e prometiam nunca mais levar suas  crianças para o baile, eu e as minhas primas não estávamos 'nem aí', porque o que queríamos mesmo era jogar confete, lançar serpentina e pularmos no meio do salão.

Fim de baile, missão cumprida de carnaval? Que nada! O negócio era ir para casa, tomar banho, jantar e voltar pra rua. Dessa vez, a criançada tinha a missão de guardar lugar para os adultos poderem ver o desfile das Escolas de Samba. Nós, crianças, adorávamos. E haja pique para acompanhar os desfiles, correr na avenida no intervalo entre a entrada de uma escola e outra....O nosso domingo de carnaval só terminava na madrugada de segunda.

E na segunda? Segunda, eu ficava à disposição de Tia Néa. O destino da segunda ficava por sua conta. Na terça, baile de matinê e depois acompanhar desfile na avenida, tal qual o domingo. Descansar? Só na quarta-feira de cinzas!

Como não amar o carnaval? Só lembrança boa!

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